Em um encontro histórico e memorável no SXSW 2024, tive a honra de fazer parte da plateia e testemunhar pessoalmente um encontro memorável e revelador, Brené Brown , incrível pesquisadora de vulnerabilidade, e Esther Perel , renomada psicoterapeuta belga-americana, compartilhando o palco para explorar as complexidades dos dilemas humanos contemporâneos. Este diálogo revelador não apenas capturou a atenção de um auditório repleto, mas prometeu transformar a maneira como compreendemos as camadas mais profundas de coragem, vulnerabilidade, vergonha e solidão.
Este artigo é uma tentativa de capturar a essência de um encontro transformador e compartilhar as lições valiosas que ele oferece. Espero que você goste!
Num tempo onde a tecnologia avança a passos largos, prometendo conexões infinitas, Brené e Esther nos lembram da ironia dolorosa que assombra nossa hiperconectividade: a solidão disfarçada. Este paradoxo, onde os dispositivos que nos conectam com o mundo nos distanciam dos que estão ao nosso lado, é destacado com uma crítica aguda à “Intimidade Artificial” – um conceito trazido por Esther Perel, que captura a essência de estarmos fisicamente presentes, mas emocionalmente distantes, concentrados em nossas telas ao invés de nos conectarmos verdadeiramente com quem compartilhamos o mesmo espaço.
A consequência disso é uma pandemia de ansiedade e isolamento. ‘A solidão se disfarça de hiperconectividade’, disse Brené. Se por um lado smartphones permitem contato com quem está longe, por outro nos afastam de quem está fisicamente próximo.
Intimidade Artificial em vez de Inteligência Artificial? Exatamente. Esther retomou seu trocadilho para descrever essa situação cada vez mais comum de estar frente a frente com alguém, talvez num jantar a dois, porém com sua atenção focada no celular: intimidade artificial. Um momentinho, que entrou uma mensagem aqui e… Intimidade artificial é isso – e parece avançar mais rápido que a própria inteligência artificial. Estamos perdendo a capacidade de ficarmos juntos sem que haja a mediação de alguma tecnologia.
Uma reflexão profunda emerge sobre o valor da atenção e da escuta: uma das coisas que nos faz não nos sentir sozinhos é quando você sente que alguém se importa profundamente com você, e isso significa foco singular, atenção, ouvir profundamente, por quê? Porque o ouvir não é apenas o que acontece com a pessoa que ouve. O ouvinte cria o orador! A escuta atenta não afeta apenas quem está ouvindo, mas também molda o que a pessoa que que fala vai contar, segundo Esther. Esta perspectiva realça a importância de uma conexão verdadeira e atenta, que vai além da simples presença física ou digital.
A partir dessa reflexão, as palavras de Brené se tornam um mantra poderoso: “Atenção é uma forma muito subestimada de amor“. E sem relações reais, conexões profundas, você pode ter centenas de amigos nas redes sociais, mas ninguém para dar comida para o seu gato quando você viaja, como lembra Esther. Este insight toca no cerne do dilema contemporâneo de nossa conectividade: a distância emocional que a tecnologia pode criar mesmo entre os mais “conectados”.
Não precisa disfarçar! Mostrar sua vulnerabilidade, defende Brené, é fundamental para experimentar o amor, a alegria e a sensação de pertencimento, ainda que num mundo com tanto racismo e homofobia, possa ser perigoso se mostrar vulnerável. Este apelo à autenticidade e à coragem de ser verdadeiramente visto, apesar dos riscos, ressoa como um chamado à ação para todos nós.
Ao refletir sobre o impacto da tecnologia nas relações humanas, Brené e Esther destacam a importância de manter conexões humanas autênticas e significativas, apesar dos desafios impostos pelo nosso mundo hiperconectado. A conversa serve como um lembrete poderoso da necessidade de cultivar a empatia, a vulnerabilidade e a coragem em nossas vidas, como antídotos para a solidão e isolamento que caracterizam a era digital.
Este diálogo entre Brené Brown e Esther Perel no SXSW, em meio a tantas palestras sobre tecnologia e AI, não foi apenas um exame da condição humana na era digital, mas também um chamado à ação para reconectar com a essência da humanidade através da vulnerabilidade, da coragem e da atenção verdadeira.
Elas nos convidam a ponderar:
- Como podemos cultivar conexões “mais reais” e “menos artificiais” em nossas vidas?
- De que maneiras podemos tornar a vulnerabilidade uma força, não uma vergonha?
- E, por fim, como podemos redefinir a atenção e a escuta ativa como atos de amor em nosso cotidiano?
Estas perguntas provocativas são um convite à introspecção e ao diálogo contínuo sobre o papel da empatia e da conexão humana em um mundo cada vez mais digitalizado.
Sem palavras para agradecer a Esther Perel e Brené Brown por essa reflexão coletiva, momento de conexão real e escuta autêntica. Vocês são incríveis!
No words to thank Esther Perel and Brené Brown for this collective reflection, moment of real connection, and authentic listening. You are amazing!